Um total de 508 raparigas e rapazes foram referenciados pelo Programa AGE para os Serviços de Saúde Amigos de Adolescentes e Jovens (SAAJ) a fim de receber diverso tipo de atendimento e aconselhamento. As referências foram emitidas depois das reuniões dos "clubes de interesse" realizadas na semana passada nos 12 distritos de intervenção do AGE, um programa implementado pelo CESC.
Assim, 30 raparigas foram referenciadas para aderir ao planeamento familiar; 69 raparigas e rapazes para receber serviços de aconselhamento e testagem em saúde; 55 para testes de infecções sexualmente transmissíveis, 176 para sessões educativas e 78 receberam preservativos. Os "clubes de interesses" são espaços seguros onde jovens e adolescentes discutem temas relacionados com a educação e com os direitos sexuais e reprodutivos.
Ainda nesta semana, no distrito de Lugela, província da Zambézia, o AGE promoveu duas formações sobre água, saneamento e higiene (WASH, sigla em inglês) e saúde escolar. As formações foram dirigidas aos núcleos de higiene escolar de duas escolas e contaram com a participação de 24 alunos (12 de sexo feminino e igual número de sexo masculino), quatro professores, dois directores das escolas e dois presidentes dos conselhos de escolas.
Tanto as direcções das escolas quanto os alunos destacaram a importância do treinamento dos grupos de higiene escolar, envolvendo raparigas e rapazes para compreenderem a importância de manter as escolas limpas. Aliás, o director da Escola Básica de Erurune, Luís Sadala, lembrou que a gestão menstrual nas escolas é uma responsabilidade não apenas das raparigas, mas de todos. E quando não abordada adequadamente pode levar as raparigas a desistirem da escola.
As escolas seguras e acolhedoras, uma abordagem do Programa Avançando a Educação das Raparigas (AGE), estão a contribuir para a retenção das raparigas na escola e estão a reforçar a consciência das comunidades sobre a necessidade de denunciar casos de uniões prematuras.
Trata-se de uma abordagem que concorre para a criação de um ambiente positivo na escola, onde todas as crianças se sentem seguras e capazes de aprender e de aumentar a sua confiança emocional para prosperar na escola, em casa e nas suas comunidades.
A avaliação foi feita pelos chefes das Repartições de Educação Geral dos 12 distritos (seis da província da Zambézia e outros seis de Nampula) de intervenção do AGE, um programa implementado pelo CESC com o apoio financeiro da USAID.
No distrito de Murrupula, por exemplo, o chefe da Repartição de Educação Geral, Jorge Lapueque, afirmou que graças à implementação da iniciativa escolas seguras e acolhedoras, o sector da educação conseguiu lidar com quatro casos de violência denunciados nas escolas, sendo um de violência sexual e três de uniões prematuras.
"Os responsáveis por esses casos estão sob custódia das autoridades, aguardando julgamento", disse Lapueque, acrescentando que os casos foram registadas nas escolas de Injovola e Natari, onde o sector da educação está empenhado em garantir a implementação de um ambiente seguro e acolhedor, com o apoio do Programa AGE.
Os chefes das Repartições de Educação Geral participaram esta terça-feira (13 de Agosto) na abertura da reciclagem para os formadores de formadores em escolas seguras e acolhedoras, que decorre na cidade de Nampula.
O Director Adjunto do AGE, Momade Quitine, afirmou que a reciclagem servirá para revisitar alguns dos temas discutidos durante a formação de formadores em escolas seguras e acolhedoras que teve lugar Junho de 2023, além de fortalecer a capacidade em áreas como planos de acção das escolas seguras e acolhedoras, participação comunitária, monitorização e envolvimento dos alunos.
O Programa AGE é implementado pelo CESC em parceria com a Kukumbi, N'weti e Visão Mundial, com fundos da USAID.
Quitério Diogo e Flora de Calole Wassia, jovens moçambicanos activistas do projecto Kuyenda Collective implementado pelo CESC, participam desde sábado (10 de Agosto) em Harare, capital do Zimbabué, no sexto Fórum da Juventude da África Austral (SAYOF, na sigla em inglês), um órgão de coordenação e plataforma regional para jovens e organizações juvenis.
Os dois jovens integraram o painel que discutiu os desafios para o financiamento sustentável da educação e defenderam, durante as suas intervenções, um financiamento equitativo para todas as zonas de Moçambique. "Queremos uma educação que tenha a mesma qualidade quer nas zonas rurais quer nas zonas urbanas, assim como a alocação justa de recursos humanos, materiais e financeiros".
Saúde sexual e reintegração da rapariga grávida na escola foi o primeiro tema discutido no fórum. O representante da SDSR, uma organização de apoio humanitário que actua na área de saúde sexual, partilhou actividades que vem implementando em seis países em parceria com outras organizações que trabalham nas zonas fronteiriças. Um dos objectivos desta organização é engajar jovens voluntários na reintegração da rapariga grávida na escola em colaboração com instituições e líderes religiosos.
Na sessão que discutiu os princípios femininos para a inclusão de género nos avanços das tecnologias de informação, foi definido um pacto digital global feminista que pretende garantir compromissos concretos para proteger os direitos digitais de mulheres, meninas e grupos marginalizados. O pacto digital pretende ainda garantir uma liberdade de género facilitada pela tecnologia, bem como promover os direitos universais à liberdade de expressão, privacidade e de reunião pacífica.
Quitério Diogo e Flora de Calole Wassia participaram no sexto SAYOF em Harare com o apoio do CESC, através do Kuyenda Collective, um projecto regional de promoção de pensamento crítico dos sistemas de educação (acesso, qualidade e relevância dos resultados de aprendizagem) em Moçambique, Tanzânia, Malawi e Zimbabwe.