Esta terça-feira (18 de Junho) houve mais uma conversa à volta da “Fogueira Feminista” e desta vez a lareira foi montada nos escritórios da associação HIKONE, em Pemba, província de Cabo Delgado. A conversa juntou mulheres de várias organizações feministas que trabalham na agenda da participação da mulher nos processos de paz e no combate à violência baseada no género.

A representante da ONU Mulheres em Moçambique, Marie Leatitia Kayisire, foi a convidada especial desta sessão da “Fogueira Feminista”, uma iniciativa do “Elas por Elas” – projecto que promove a participação e a liderança das mulheres e mulheres jovens nos processos de paz, segurança e recuperação em Moçambique.

Durante cerca de duas horas, as mulheres discutiram várias formas de reforçar a coordenação e o trabalho em rede entre coletivos feministas, facilitadoras e “sentinelas de paz” para apoiar e ampliar a voz das mulheres e raparigas sobreviventes do conflito armado e das vítimas da violência baseada no género.

Durante a conversa, algumas participantes colocaram questões relacionadas com as condições de vida das mulheres deslocadas devido ao conflito armado que afecta a província de Cabo Delgado. Nas zonas de reassentamento, as mulheres deslocadas enfrentam dificuldades de acesso à terra para a produção de comida e muitas vêem-se envolvidas em disputas de terra com os residentes nativos.

Mas os conflitos de terras não resultam apenas das deslocações de pessoas que fogem dos ataques terroristas. Resultam também da instalação de projectos da indústria extractiva e nesses processos as mulheres queixam-se de serem excluídas das discussões sobre as compensações que devem ser pagas pela expropriação de terras.

A violência baseada no género, incluindo a violência obstétrica (aquela que ocorre nas maternidades), é outra preocupação apresentada na conversa à volta da “Fogueira Feminista”. Devido a vários receios, incluindo a perda do lar, algumas mulheres ainda não se sentem seguras em denunciar a violência baseada no género, sobretudo aquela que ocorre no ambiente doméstico.

Por isso, as “sentinelas de paz” trabalham não só no apoio psicológico das vítimas da violência baseada no género, mas também na denúncia e encaminhamento dos casos às autoridades locais. Esta acção é feita em colaboração com a Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM), entidade que disponibiliza advogadas para apoiar as vítimas da violência baseada no género e as “sentinelas de paz” no encaminhamento dos casos à justiça.

O trabalho das “sentinelas de paz” inclui ainda a mobilização das mulheres para participarem nos processos de paz e de tomada de decisão, empoderamento económico das mulheres, bem como o apoio psicológico às mulheres e raparigas vítimas do conflito armado em Cabo Delgado.

No final da conversa, a representante da ONU Mulheres em Moçambique congratulou-se com a iniciativa da “Fogueira Feminista” e felicitou todas mulheres pelo empenho e dedicação que têm demostrado no apoio a outras mulheres vítimas do conflito armado e da violência baseada no género.

Marie Leatitia Kayisire disse que a ONU Mulheres está aberta para apoiar tecnicamente iniciativas de advocacia pelos direitos das mulheres e raparigas e pelo fim de todas as formas de violência baseada no género. “Vamos continuar a trabalhar em parceria com o Governo, sociedade civil e sector privado na coordenação de acções que promovam e assegurem uma melhor resposta aos desafios das mulheres”, prometeu.

“Elas por Elas” é um projecto implementado pelo consórcio de organizações da sociedade civil que integra o CESC, OPHENTA e IESE, em parceria com a ONU Mulheres (entidade das Nações Unidas para Igualdade de Género e Empoderamento das Mulheres) e o Governo de Moçambique, e com o apoio financeiro do Governo do Reino da Noruega.

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